‘A Noite das Bruxas’: Agatha Christie deve se revirar no túmulo com esta adaptação do livro

São Paulo

Uma das mais ousadas adaptações de livros de Agatha Christie (1890-1976) para os cinemas estreia nesta quinta-feira (14). “A Noite das Bruxas afronta —em diversos pontos— os fãs de Christie que forem às salas de exibição, já que as diferenças entre as obras são evidentes logo nos primeiros segundos de filme.

Para quem deseja fugir dos spoilers e dos comparativos, apenas um breve resumo: o filme “A Noite das Bruxas” traz mais uma vez o detetive Hercule Poirot (interpretado por Kenneth Branagh) já aposentado e curtindo o descanso em Veneza. Ao reencontrar uma amiga, a romancista Ariadne Oliver (Tina Fey), ele é convidado para uma festa de Halloween em um antigo casarão da cidade italiana.

A dona do local, a cantora de ópera Rowena Drake (Kelly Reilly), fica incomodada em, durante o evento, ouvir vozes de sua filha já falecida. Para resolver esse suspense, ela chama a médium Sra. Reynolds (vivida pela incrível Michelle Yeoh) para tentar um contato mais direto, porém um dos convidados acaba morrendo. Está lançado o mistério para Poirot resolver.

ATENÇÃO: SPOILERS A PARTIR DAQUI

Para começo de análise, o livro e o filme são ambientados em lugares diferentes: o texto de Christie se passa em uma típica cidade de interior da Inglaterra, enquanto o longa de Branagh (que também dirige a produção) tem suas cenas rodadas em Veneza.

Um adulto abre a sequência de mortes no filme, durante a sessão espirita. Já no livro, a primeira a morrer é uma criança, afogada num balde d’água. Além disso, a morte da médium parece bem mais dramática no filme do que no texto original de Christie: no longa, ela é empurrada contra uma estátua e fica com o corpo preso na estrutura —beeem diferente do que o que a Rainha do Crime escreveu.

Para completar, a atmosfera da produção é mais ousada, apostando em um pouco mais de terror e suspense do que a obra original. Por fim, outro ponto importante (e quase inaceitável): Poirot está exilado e isolado do mundo, com o adeus já declarado à vida de detetive.

Por mais “workaholic” que seja, Poirot, muito descrente em qualquer tipo de Deus ou religião (desses que fazem troça da fé alheia com seu humor britânico), topa participar de uma sessão espírita. Como se não bastasse, ele larga a aposentadoria só para viver tudo isso. Christie deve estar se revirando no túmulo.

Fonte: Folha de SP

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