Casa das comédias românticas ruins, a Netflix adicionou mais um título à sua lista. Na Sua Casa ou na Minha? (2023), filme estrelado por Reese Witherspoon (Big Little Lies) e Ashton Kutcher (That ’70s Show) que estreia nesta sexta-feira (10) na plataforma, é de sofrer com a falta de carisma.
Em pleno 2023, é difícil encontrar uma comédia romântica que consiga fugir de clichês do gênero. Dos amigos que se tornam amantes aos rivais que se apaixonam no final, incontáveis de variedades narrativas foram utilizadas para criar os mais clássicos filmes de romance com humor.
No caso de Na Sua Casa ou na Minha?, vários destes clichês são reunidos em uma única história. O problema é que pouquíssimos funcionam, o que torna a história escrita e dirigida por Aline Brosh McKenna uma das mais esquecíveis de toda a plataforma.
Na trama, Reese Witherspoon e Ashton Kutcher interpretam os amigos Debbie e Peter. Após um encontro de sexo casual, o casal decide não engatar o romance e cultiva só uma amizade durante 20 anos. Ela se tornou uma mãe solo e devota ao filho após seu divórcio, enquanto ele desistiu do sonho de se tornar um escritor para trabalhar como consultor de marketing de grandes empresas.
Ashton Kutcher e Wesley Kimmel
Divulgação/Netflix
Bem-sucedido, Peter vive em um luxuoso apartamento em Nova York como um verdadeiro solteirão. Seus namoros são sempre superficiais e nunca duram mais do que seis meses, enquanto Debbie mora em Los Angeles e faz da vida do filho, Jack (Wesley Kimmel), a sua grande prioridade. Desde o primeiro encontro, os dois nunca mais se aproximaram sexualmente, mas conversam todos os dias para compartilhar (alguns) detalhes de suas vidas.
Quando Debbie decide ir fazer um curso em Nova York, Peter se dispõe a cuidar de Jack durante alguns dias. Os dois invertem os papéis e se hospedam um na casa do outro –assim como em O Amor Não Tira Férias (2006), comédia romântica hit dos anos 2000. Em suas novas rotinas, eles descobrem que a amizade implacável que cultivaram durante 20 anos tem alguns segredos e tomam atitudes que afetam suas respectivas vidas.
Embora seus astros já tenham comprovado seus talentos em outros filmes, inclusive em comédias românticas, Na Sua Casa ou na Minha? tem um dos maiores problemas na falta de química do casal principal. Separados durante quase toda a trama do longa, Reese e Kutcher funcionam mais com seus respectivos coadjuvantes do que entre si.
Ver Peter começar a criar senso de responsabilidade enquanto cuida de Jack é agradável, assim como acompanhar Debbie e sua relação de amizade quase instantânea com a patricinha vivida por Zoe Chao. Até mesmo o garanhão Theo (Jesse Williams), que surge para bagunçar a cabeça de Debbie, se mostra uma opção muito mais viável e crível para a protagonista do que seu melhor amigo.
Reese Witherspoon e Zoe Chao
Divulgação/Netflix
Se a tônica de Na Sua Casa ou na Minha? era criar tensão pela história de amor entre dois melhores amigos, o roteiro de Aline peca em criar adversidades que conecte o público à história. Ao acompanhar a dinâmica dos personagens, é quase impossível acreditar que eles nutriram um sentimento durante tantos anos sem nunca ter deixado escapar sequer uma pista. Mesmo Peter, cheio de traumas e limites sentimentais autoimpostos, poderia ter cruzado a linha da amizade sem precisar de empurrões narrativos.
No fim, Na Sua Casa ou na Minha? é ligeiramente salvo por personagens secundários cujo humor funciona melhor do que aquele que envolve os protagonistas. Uma pena que o talento de Reese Witherspoon e Ashton Kutcher seja desperdiçado em um filme tão raso.
Assista ao trailer legendado do longa:
Na Sua Casa ou na Minha?
Trailer oficial legendado
Fonte: UOL Cinema