Um dos filmes mais aguardados do ano, A Baleia (2022) chega aos cinemas nesta quinta-feira (23) como um marco na carreira de Brendan Fraser. Além de lhe assegurar sua primeira indicação ao Oscar, o longa é responsável por ressuscitar a carreira do ex-astro da franquia A Múmia.
Um dos principais atores de Hollywood nos anos 1990, Brendan Fraser viu seu status ser destruído após sofrer assédio de um grande produtor da indústria. Renegado à lista de persona non grata, o ator se distanciou dos holofotes e passou a última década atuando em pequenos papéis no cinema e na TV.
A vida do ator sofreria uma reviravolta ao receber um convite de Darren Aronofsky, diretor indicado ao Oscar e responsável por filmes como Réquiem para um Sonho (2000) e Cisne Negro (2010). O cineasta queria que Fraser, mesmo anos longe de seu melhor momento, fizesse um teste para viver o protagonista de seu próximo projeto para as telonas: A Baleia.
Na trama, Fraser interpreta Charlie, um professor universitário obeso que passa seus dias trancafiado em casa à base de fast food e programas de TV. Sua única companhia é Liz (Hong Chau), enfermeira e amiga de longa data que o visita para levar comida e ajudá-lo com questões básicas de saúde e dia a dia.
Hong Chau em A Baleia
Divulgação/A24
A aparência surpreendente e grotesca de Charlie é o primeiro fator que faz de A Baleia um filme dificílimo de assistir. Não por uma suposta má qualidade do roteiro ou aplicação mal feita da maquiagem de Brendan Fraser. O longa de Aronosky é um triste retrato da depressão e do luto que assola seu personagem principal.
Homossexual, Charlie abandonou a família para viver um romance com um de seus alunos. A escolha fez com que sua filha, Ellie (Sadie Sink), assumisse uma personalidade rebelde e criasse problemas para a mãe, interpretada por Samantha Morton, ao se tornasse adolescente. Com a vida em risco por causa de sua obesidade, o professor decide se reaproximar de Ellie antes de se despedir do mundo.
Embora a atuação de Fraser seja exaltada mundo afora, A Baleia foi recebido com críticas mistas por parte da imprensa especializada e público. Há aqueles que considerem problemática a retratação da obesidade de Charlie por parte de Aronofsky, acusado de promover gordofobia e ser raso nos assuntos mais importantes que seu filme busca discutir, como homofobia, opressão religiosa e luta contra a depressão.
De fato, algumas das escolhas feitas pelo cineasta são questionáveis. A construção de Charlie é feita para que espectador se afeiçoe ao personagem apesar de sua aparência. A baleia do título é uma alusão a trechos constantemente relidos durante o filme do clássico livro Moby Dick, no qual o capitão Ahab desbrava os sete mares em busca de assassinar a baleia que dá nome à obra, mas também é a forma como a câmera de Aronofsky busca retratar seu protagonista.
Sadie Sink é um dos destaques do filme
Divulgação/A24
Muitas vezes, Charlie é diminuído à sua existência limitada no sofá ou se locomovendo com ajuda. O que faz do personagem atrativo é a força da atuação de Brendan Fraser, que dá dinamismo e carisma ao professor que deixou de ver sentido em sua vida há muito tempo. Sua voz doce e boas intenções o tornam um protagonista cativante, embora continuar assistindo à sua jornada fique cada vez mais difícil conforme o espectador se afeiçoe a ele.
A narrativa do pai que tenta se reconectar com a filha após anos afastados não é nenhuma novidade, mas A Baleia faz do clichê um artifício para que a história de Charlie ganhe contornos ainda mais dramáticos. O trabalho de Sadie Sink também ajuda no processo, apesar de que sua Ellie seja irritantemente parecida com os primeiros momentos de Max, sua personagem em Stranger Things.
A Baleia pode não ser o suprassumo do cinema, como foi exaltado quando seus primeiros trailers foram revelados, mas é um drama tocante que conta com o melhor trabalho da carreira de Fraser. Sua indicação ao Oscar não é nenhum exagero e, em caso de vitória, apenas coroa um retorno merecido e aguardado por muitos fãs do ator.
Assista ao trailer dublado de A Baleia:
Fonte: UOL Cinema