The New York Times
Antes de Chase Stokes assumir o papel de John B., o caçador de tesouros adolescente que é o personagem central da série “Outer Banks”, da Netflix, ele fez o papel de um empresário fictício de Hollywood que disparava emails a torto e a direito para promover a carreira de um jovem ator em ascensão chamado Chase Stokes.
Também trabalhou como barman e fotógrafo de gastronomia, para conseguir pagar as contas, e passou meses dormindo nos sofás de amigos e ocasionalmente em seu BMW 2009, no estacionamento do shopping center Ovation Hollywood (antes conhecido como Hollywood & Highland), em Los Angeles, enquanto fazia aulas de atuação.
Apesar de suas circunstâncias, Stokes disse que inicialmente recusou um convite para fazer uma audição para “Outer Banks”. A série parecia um remake de “Os Goonies”, e ele não estava interessado em denegrir um clássico, disse o ator. Mas, porque estava para ser despejado de seu apartamento, o motor de seu carro vivia fervendo e ele precisava renovar o licenciamento do veículo, Stokes mudou de ideia. E acha que teve muita sorte por fazê-lo. “Mas acredito que sorte é uma combinação de coerência, determinação e trabalho duro”, disse Stokes.
“Outer Banks” é um drama adolescente sobre um grupo de jovens e atraentes aventureiros (conhecidos como “pogues”) que brigam contra os garotos ricos de sua comunidade (os “kooks”) e caçam tesouros, em tramas relacionadas ao desaparecimento do pai de John B. O programa estreou em 2020, mas se transformou em sucesso com a chegada da segunda temporada, em julho de 2021, se tornando a série em inglês mais assistida da Netflix em todo o planeta, durante quatro semanas.
Um evento organizado para fãs com o objetivo de promover a terceira temporada da série atraiu mais de quatro mil participantes a Huntington Beach, Califórnia, no final de semana passado, para assistir a shows de cantores como Khalid e Lil Baby. O elenco também subiu ao palco para anunciar que a série já tinha sido renovada para uma quarta temporada.
A terceira temporada de “Outer Banks” estreou na quinta-feira (23), e acompanha John B. e os demais “pogues” em sua descoberta de novos territórios, e em uma nova busca de tesouros, depois que as duas primeiras temporadas os viram encontrar, e em seguida perder, tesouros nos Outer Banks da Carolina do Norte. A tripulação foi vista pela última vez em uma ilha deserta que eles batizaram de de Poguelandia, e a inesperada descoberta do pai supostamente morto de John B., Big John (interpretado por Charles Halford), desperta novamente o interesse deles por encontrar riquezas.
Em uma conversa por vídeo, de um hotel em West Hollywood, Stokes falou sobre sua recusa inicial de um teste para o papel que o tornou famoso e sobre o que “Outer Banks” tem a dizer sobre a amizade e a divisão de classes. Abaixo, trechos editados de nossa conversa.
Você inicialmente recusou uma audição para “Outer Banks”. O que o convenceu a reconsiderar? Eu não estava ganhando dinheiro como ator até o trabalho que fiz antes de “Outer Banks”, uma série da Amazon chamada “Tell Me Your Secrets”. Mas o dinheiro que ganhei com aquela série tinha acabado. Recebi uma notificação de despejo de meu apartamento, o licenciamento do meu carro tinha vencido, o motor dele fervia toda hora. Não sou mecânico e, por isso, não sabia como consertar o carro, e nem tinha dinheiro para isso.
Depois de recusar uma audição para “Outer Banks” algumas vezes, recebi um telefonema de Lisa Fincannon, uma diretora de elenco maravilhosa, e ela me disse que eu precisava fazer o teste para aquele papel. Isso foi numa quarta-feira. No domingo, meu agente me ligou e disse que eu viajaria naquela noite, e tinha 14 páginas de diálogo para decorar. Eram os quatro primeiros episódios. Ele disse que eu viajaria na última fila do avião, no assento do meio, e que desembarcaria em Charleston (Carolina do Sul), e faria a audição logo que saísse do avião. E eu fiz tudo isso. O resto é história.
Como você descreveria “Outer Banks” para alguém que nunca tenha visto a série? Se “Caçadores da Arca Perdida” e “Scooby-Doo” tivessem um filho, e esse filho de tornasse o melhor amigo de “Os Goonies”…
Havia alguma coisa em John B. com a qual você se identificasse especialmente? Sinto que há muitas semelhanças, pelo menos externas. Cresci na água; cresci na Florida, a cerca de 30 minutos de Cocoa Beach, e por isso [estava familiarizado] com os elementos de surfe. Consegui minha licença para dirigir barcos antes de tirar minha licença de motorista.
Acho que uma das coisas pelas quais John B. passa, especialmente na terceira temporada, e com que eu realmente me identifiquei foi a ansiedade sobre o mundo à sua volta, e o medo do fracasso. Isso é algo que eu sempre senti, e é algo de que definitivamente compartilhamos.
Quando você soube que a série era um sucesso? Acho que foi seis meses depois de ela ter sido lançada, quando finalmente nos disseram que voltaríamos para uma segunda temporada. Durante a Covid, ao ver centenas de pessoas que apareciam para nos assistir filmando, foi ali que comecei a somar dois mais dois.
As pessoas rastreavam o nosso local de acampamento-base. Os trailers se deslocavam para diferentes áreas de Charleston e era como se um alarme ou uma mensagem de texto em massa tivesse circulado. As pessoas começavam a chegar e, às vezes, tínhamos 20 pessoas e às vezes 2.000.
Quais foram as suas interações mais interessantes com os fãs? Houve pessoas que desmaiaram na minha frente, e pessoas que caíram no choro. Algumas pessoas me disseram que salvei suas vidas, o que é sempre interessante, saber que a série ajudou as pessoas durante um período perturbador na história humana. Assim, a gama de emoções é muito vasta, mas todas são igualmente acalentadoras.
E agora é muito cool, porque toda a comunidade de Charleston nos aceitou de verdade, e andamos pela rua ou vamos a restaurantes e as pessoas nos cumprimentam, ou fazem um sinal de positivo.
Você vai ao evento de Poguelandia? Claro que sim.
De onde surgiu o conceito do show? Não tivemos um evento de estreia até agora; a série nunca teve um tapete vermelho. Trabalhamos incrivelmente para criar algo que o mundo consumiu em um ritmo realmente louco, e obviamente a plataforma percebeu isso e quis nos congratular. Acho que é uma ode à série: ela é uma espécie de festa; uma espécie de aventura louca. Assim, por que não fazer um festival de música?
“Outer Banks” gira em grande parte em torno da divisão de classes entre os “pogues” da classe trabalhadora e os “kooks”, os ricos. Há uma mensagem sobre a discriminação de classe, na série? Acho que é um testemunho de como a divisão de classes persiste, não só neste país, mas no mundo. E a classe inferior vai lutar com unhas e dentes para encontrar uma forma de ganhar um dólar a mais, e a classe superior vai encontrar uma maneira de economizar mais alguns milhares de dólares.
Há uma frustração que inevitavelmente vai estar presente, e penso que esse é o fator que impulsiona os “pogues”. Eles estão bem perto, sabe? Eles veem aquilo que querem obter. Está muito perto, mas simplesmente não conseguem compreender como chegar lá.
O que a série diz sobre a amizade? O sonho de todas as crianças é ter um grupo de amigos que vão acompanhar você até onde você for, até morte, e as crianças da série cresceram em um ambiente no qual elas não têm muito. Por isso, aprendem a fazer muito com pouco, e é uma coisa bonita de se ver. Estou muito orgulhoso e grato por fazer parte de um projeto que dá uma verdadeira interpretação da amizade —não só os altos, mas também os baixos, e mostrando tanto amor naqueles momentos como quando as vitórias se concretizam.
Será que esta amizade nas telas se traduziu em uma amizade entre os atores quando as câmaras estão desligadas? Todos nós entramos na série com currículos bem curtos. Assim, quando você começa algo assim, sente que precisa criar verdade e transparência através dos personagens; nós nos apaixonamos uns pelos outros e criamos uma imensa camaradagem e química.
Você acha que essa amizade vai continuar depois do fim da série? Quanto tempo acha que ela vai durar? Espero que dure para sempre. Já se passaram quase quatro anos, e espero que dure mais 40.
Tradução de Paulo Migliacci
Fonte: Folha de SP
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