Fenômenos da Netflix, Elite e La Casa de Papel (2017-2022) fizeram história e mudaram para sempre o status das produções espanholas em serviços de streaming. O sucesso das atrações, lançadas com meses de diferença na plataforma, também transformou alguns integrantes de seus elencos em verdadeiros astros internacionais.
Mais velha do que Elite, La Casa de Papel conquistou um sucesso tardio, já que estreou inicialmente na TV aberta da Espanha, onde passou despercebida e não chamou a atenção dos espectadores. Somente após ser integrada ao catálogo mundial da Netflix a atração ganhou popularidade.
Quando La Casa de Papel se tornou um fenômeno no streaming, parte do elenco já estava comprometido com outros trabalhos. Isso inclui Miguel Herrán e Jaime Lorente, que foram escalados para encabeçar a primeira temporada de Elite.
Intérpretes de Rio e Denver em La Casa de Papel, Herrán e Lorente tinham bastante destaque na leva inicial de episódios de Elite. O primeiro deu vida ao malandro sedutor Christian, enquanto o segundo interpretou Nano, irmão do protagonista Samuel (Itzan Escamilla).
Quando a Netflix anunciou a renovação de La Casa de Papel para novas temporadas, os dois atores ainda estavam envolvidos com a trama de Elite. Isso obrigou Darío Madrona e Carlos Montero, criadores da série teen, a reescrever os roteiros do segundo ano e diminuir o espaço reservado para seus personagens.
Em bate-papo exclusivo com a Tangerina, Madrona deu detalhes de como o sucesso de La Casa de Papel alterou seus planos para a sequência de Elite. De acordo com o diretor, o desenvolvimento da trama acabou se tornando muito diferente e afetou as narrativas de personagens como Samuel e Carla (Ester Expósito).
Miguel Herrán e Ester Expósito em cena da primeira temporada de Elite
Divulgação/Netflix
“Quando nós estreamos Elite, La Casa de Papel já era um grande hit na Netflix, e alguns dos nossos atores precisaram voltar para gravar as novas temporadas. Então Miguel Herrán, que interpretava o Christian, precisou deixar a nossa série. E ele seria um personagem muito importante para nós”, contou o cocriador.
“Nós realmente precisávamos mudar a história, mas foi um problema de agenda. Não foi porque estávamos reagindo a algo da audiência porque, quando começamos a escrever a segunda temporada, nós não tínhamos o feedback [do público].”
Madrona explicou à reportagem que jamais alterou detalhes da trama de Elite com base na reação do público. Segundo o ex-showrunner, que deixou a produção após a terceira temporada para trabalhar em One of Us Is Lying (2021-2022), quando a Netflix deu o sinal verde para a renovação da série, eles já tinham os roteiros do segundo e terceiro ano prontos. Desta forma, apenas problemas externos acabaram afetando o desenvolvimento da história inicialmente planejada.
“Nós não mudamos nada por causa da popularidade [da série] porque, por exemplo, quando estávamos trabalhando na segunda temporada, você sabe, a maneira como a Netflix funciona é: quando você está trabalhando na pós-produção da primeira temporada, eles dizem para você começar a trabalhar na segunda. Se a série funcionar, ok. Se não funcionar, apenas gastamos um pouco de dinheiro no desenvolvimento. É isso. Então, antes do lançamento da primeira temporada, a segunda estava escrita, então não tivemos esse feedback. Gravamos a segunda e a terceira simultaneamente. Então, quando a segunda temporada foi lançada, nós já tínhamos acabado de rodar. Então, nunca tivemos tempo de olhar e dizer que iríamos mudar algo.”
Sobre o destino planejado para Christian caso Miguel Herrán continuasse como parte do elenco fixo da segunda temporada, Madrona admitiu que tinha grandes planos para o personagem. Ele continuaria o seu romance tórrido com Carla, o que significa que o casal Samuel-Carla, tão adorado pelos fãs da série, poderia nunca ter existido.
“Chris era o personagem que estava no meio de todo o mistério. Ele sabia quem tinha matado Marina [María Pedraza], mas não era do seu interesse falar alguma coisa porque ele estava tirando algo disso. Ao mesmo tempo, seu melhor amigo estava na prisão, acusado falsamente do crime. Ele estaria no centro [da trama] da segunda temporada. Ele seria muito importante. Aliás, a história do segundo ano era sobre um personagem que desaparece, e seria o seu personagem. Ele seria o protagonista, basicamente. Mas precisou nos deixar por La Casa de Papel, então nós precisamos mudar para outra coisa porque é isso o que acontece na TV”, detalhou.
“Samuel e Carla se tornaram o casal principal da série, mas isso foi quase um acidente. Eu tenho certeza de que, se Christian continuasse na história, isso não teria ocorrido. Aconteceu por causa da história que nós criamos, mas nós não tínhamos certeza se isso iria funcionar. Eram dois personagens que nunca haviam se falado na primeira temporada. Então, nós o colocamos juntos em uma sala e a química transbordou. Acho que acabou funcionando muito bem e isso explica que, de vez em quando, certas coisas simplesmente são felizes acidentes.”
Fonte: UOL Cinema
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