São Paulo
Recuperar “Grease” —um dos filmes mais populares do cinema— em formato de série poderia ter duas consequências: dar muito certo, ou ser um desastre completo. Os fãs do longa-metragem de 1978, estrelado por Olivia Newton-John e John Travolta, podem até fazer vista grossa antes de conferir “Grease: Rise of the Pink Ladies”, série ambientada na escola Rydell High (a mesma do filme), mas a verdade é que o resultado é bem satisfatório.
O seriado começou a ser desenvolvido em 2019 pela HBO Max e acabou adquirido pela Paramount+, um ano depois. Muita gente ficou preocupada com a mudança, já que a responsabilidade de desenvolver uma trama que se passa exatos quatro anos antes do romance de Sandy Olsson (Newton-John) e Danny Zuko (Travolta) é imensa. Felizmente, o seriado consegue ir além de um romance proibido e das diferenças entre os jovens do instituto norte-americano.
Na produção, que chega nesta sexta-feira (7) ao serviço de streaming Paramount+, Jane (Marisa Davila) é uma versão atualizada de Sandy. Perdidamente apaixonada por Buddy (Jason Schmidt), ela acaba sendo alvo de fofoca em toda a escola sobre o quanto avançou nos amassos com ele no banco detrás do carro, em um drive-in.
Ela fica calada? Mas é claro que não. Para dividir a cena com ela, temos Cynthia (Ari Notartomaso), uma garota cuja maior ambição é ser introduzida no T-Birds, o grupo de homens que namora as Pink Girls. Notartomaso, que é uma pessoa não-binária, ganha brilho na série por falar sobre representatividade em sua luta na história. Afinal, estamos em 1954 ou 2023?
Para completar esse anacronismo gerado em quem assiste, o grupo das meninas é completado por Olivia (Cheyenne Isabel Wells), uma garota latina que é desprezada pela escola por ter tido um relacionamento com o professor de inglês da escola; e Nancy (Tricia Fukuhara), que acaba escanteada porque os namorados de suas amigas não gostam de sua postura empoderada.
Assim, o enredo evolui com a união do quarteto, que busca ajudar na eleição de uma delas como presidente de turma. Por destoarem completamente dos padrões “normais”, elas vão gerando indignação em pais, diretores e alunos conservadores por seus protestos e posturas nos corredores.
COREOGRAFIAS E CORES
Mais do que debater temas como feminismo e representatividade, “Grease: Rise of the Pink Ladies” consegue atender às expectativas dos espectadores sedentos por números coreografados e coloridos, bem no estilo do longa original. É exatamente esse aspecto que o elenco enaltece em entrevista ao F5.
“Nós somos tão fãs do filme que todas filmamos e buscamos a mesma energia dos números. Cuidávamos até com a forma que as pessoas se mexiam durante as gravações, sempre buscando o original. Era impossível não fazer algo sem essa referência, porque é algo brilhante”, compara Cheyenne.
Tricia lembra da vez em que assistiu ao longa da década de 1970 pela primeira vez, quando tinha 17 anos. Naquela vez, recorda fortemente dos detalhes das meninas, do autocuidado com maquiagens. “Acabei trazendo isso para minha atuação como Nancy, essa coisa das meninas sempre se valorizarem”, reforça.
Para Ari, o projeto reforça o debate de se mostrar uma pessoa queer em um outro período histórico, algo pouco visível em produtos audiovisuais. “O mais legal é que não precisamos mudar nós mesmas para gravar a série, tem muito de nós em cada um dos papéis”, acredita.
Fonte: Folha de SP
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