Chegou a hora do ziriguidum! Pelos próximos dias, o brasileiro será abraçado pelo transe coletivo chamado Carnaval – e já não era sem tempo! Depois do confinamento da pandemia, a turma está com grito represado, e vai colocar os demônios para fora até juntar as cinzas quando chegar a quarta-feira.
Nem todos, contudo, gostam do furdunço momesco, e vão aproveitar o feriado para exercer o direito sagrado ao ócio. Nada melhor, portanto, do que um bom sofá para ajudar na missão. Seguindo o raciocínio, nada melhor do que um filme bacana para acompanhar!
A princípio pensei em uma originalíssima lista de filmes com Carnaval como tema. Ou como pano de fundo. Como qualquer coisa. O problema é que o total de filmes bons produzidos com o tema é basicamente zero – tanto aqui quanto na gringa. Uma lista com “Rio”, “007 Contra o Foguete da Morte” e “Orfeu do Carnaval” não seria exatamente uma lista. E quanto menos a gente falar sobre “Carnaval no Rio”, documentário de 1983 com Arnold Schwarzenegger, melhor…
Os títulos a seguir, portanto, seguem o espírito de fuzarca do Carnaval. São filmes totalmente aleatórios, pincelados das plataformas de streaming. Tem comédia, ação, romance e até um ou outro blockbuster – vai que alguma coisa passou reto por aí. Então faça sua programação, estique as pernas e deixe o ócio cinematográfico ser sua folia!
TOOTSIE
(Tootsie, Sydney Pollack, 1982)
Dustin Hoffman é um ator desempregado que, para conseguir um papel em um novelão, se disfarça de mulher. Consegue e, no processo, vira mania nacional.
Quando ele se apaixona (por Jessica Lange, veja só), precisa dar um jeito de desfazer o truque sem perder o sucesso conquistado. Filmaço de ponta a ponta, com um dos roteiros mais perfeitos já criados em Hollywood. HBO Max
RAN
(Ran, Akira Kurosawa, 1985)
No Japão medieval, um lorde feudal envelhecido divide seu reino com seus três filhos. O ato de amor paterno se transforma em uma disputa sangrenta de poder, corrupção e traição.
Ao se inspirar em “Rei Lear”, de Shakespeare, o diretor Akira Kurosawa criou uma obra atemporal de beleza incontestável, refletindo no texto o caos da condição humana. “Ran” usa o silêncio quando necessário, explodindo os sentidos em uma das batalhas mais emblemáticas que o cinema já capturou. Uma obra-prima. MUBI
CONTA COMIGO
(Stand By Me, Rob Reiner, 1986)
Uma das melhores adaptações da obra de Stephen King lida com um terror muito mais palpável do que ameaças sobrenaturais ou criaturas abissais: o medo de crescer.
Ao acompanhar quatro adolescentes em uma jornada para encontrar o corpo de um jovem morto, o diretor Rob Reiner tece um micro universo que expõe a fragilidade, a coragem e a camaradagem que faz de jovens de 12 anos melhores amigos para toda uma vida. Um filme muito bonito e devastador em sua melancolia. Paramount+
QUANDO CHEGA A ESCURIDÃO
(Near Dark, Kathryn Bigelow, 1987)
Esqueça os vampiros sofisticados e charmosos em “Drácula”, “Entrevista com o Vampiro” e, ok, “Crepúsculo”. Os desmortos aqui são nômades que rodam as estradas vicinais do interior dos Estados Unidos, roubando carros e massacrando caipiras.
Essa rotina se estilhaça quando uma vampira, Mae, morde um peão desavisado, forçando sua entrada no grupo. Terror se mistura com romance e ação, tudo sob a direção firme de Bigelow. E Bill Paxton brilha como um vampiro psicopata – mas não é esse exatamente o efeito do Sol em seu corpo. MUBI
CORTINA DE FOGO
(Backdraft, Ron Howard, 1991)
Quando falamos em filmes dos anos 1990, nem parece tão longe assim. Mas um blockbuster totalmente à moda antiga como “Cortina de Fogo” parece, hoje, uma anomalia.
Sob direção de Ron Howard, a trama coloca Kurt Russell, Scott Glenn e Robert De Niro como bombeiros que combatem incêndios criminosos. O protagonista aqui é William Baldwin, que viu sua carreira murchar ao longo de filmes erradíssimos. Inclusive um insuspeito (e ignorado) “Backdraft 2” em 2019. Netflix
ROCKETEER
(The Rocketeer, Joe Johnston, 1991)
É verdade, eu não posso ver uma lista que dou um jeito para encaixar “Rocketeer”, a matinê perfeita dirigida por Joe Johnston em 1991. Adaptado da série de HQs de Dave Stevens, o filme acompanha Cliff Secord, piloto de corridas aéreas que encontra um foguete compacto que, trajado como uma mochila, o faz voar.
A produção é belíssima, o elenco está afiado e a ambientação na Hollywood dos anos 1930, no alvorecer da Segunda Guerra Mundial, aumenta o sabor de nostalgia. Como tudo é Disney, dá para sonhar com um encontro do Rocketeer com o Capitão América e Indiana Jones? Então tá. Disney+
QUIZ SHOW
(Quiz Show, Robert Redford, 1994)
Depois de “A Lista de Schindler”, todo mundo em Hollywood queria trabalhar com Ralph Fiennes. Foi Robert Redford quem o escalou primeiro neste drama sofisticado que os estúdios costumavam produzir com mais frequência.
Fiennes é Charles Van Doren, participante de um dos programas de perguntas e respostas mais famosos da TV americana nos anos 1950. Não demora para ele e outro participante, Herbie Stempel (John Turturro), encararem o Congresso quando o programa é acusado de fraude. Redford é firme da direção e fez de “Quiz Show” uma pérola que precisa ser redescoberta. Star+
O NOME DO JOGO
(Get Shorty, Barry Sonnenfeld, 1996)
Poucos personagens na história do cinema são tão cool quanto o gângster Chili Palmer, que vai a Los Angeles para cobrar uma dívida e, apaixonado por cinema, percebe que o mundo do crime e de Hollywood não são assim tão diferentes.
John Travolta, voando alto depois de “Pulp Fiction”, empresta a Palmer seu charme afiado, que se torna ainda mais divertido com o roteiro de Scott Frank, adaptando o livro de Elmore Leonard. Poucos filmes são tão reassistíveis, poucas vezes um elenco (Rene Russo, Danny DeVito, Gene Hackman) esteve tão em sintonia. Já deu vontade de ver de novo! Prime Video
JOGOS TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES
(Lock, Stock and Two Smoking Barrels, Guy Ritchie, 1998)
Essa mistura de ação, comédia e crime, ambientada no submundo de Londres, é um filme de estreias. Foi a primeira direção assinada por Guy Ritchie, que aproveitou para apresentar Jason Statham ao mundo.
O futuro astro, ao lado de Nick Moran, Jason Flemyng e Dexter Fletcher (hoje um diretor de prestígio), encabeçam uma trama policial envolvendo um jogo de pôquer manipulado, um cobrador psicopata que trabalha para a máfia, traficantes, duas armas raras… e Sting. Tudo que funciona no cinema de Ritchie já estava aqui. Vai sem medo. Prime Video
OLHOS DE SERPENTE
(Snake Eyes, Brian De Palma, 1998)
Lembra quando Nicolas Cage era um astro de cinema do melhor calibre? “Olhos de Serpente” pegou essa fase, colocando o ator como um policial corrupto de Atlantic City, que é obrigado a investigar o assassinato de um figurão durante a disputa pelo título de pesos-pesados de boxe.
O diretor Brian De Palma foi literal no “durante”, apresentando toda a ação do filme em tempo real, disparando a trama com um plano sequência de 20 minutos de tirar o fôlego. O resto do filme, com revelações e reviravoltas sob uma chuva torrencial, não fica atrás. Saudades de Cage, um astro diferenciado. Star+
RONIN
(Ronin, John Frankenheimer, 1998)
Poucos diretores sabiam rodar ação como o veterano John Frankenheimer. Em “Ronin”, a trama de espionagem internacional é o tabuleiro no qual ele arma tiroteios e perseguições de carro que o cinema, honestamente, precisa recuperar.
À frente da história está Robert De Niro, que lidera uma equipe de mercenários notáveis para recuperar uma maleta misteriosa disputada por irlandeses e russos. Claro que absolutamente nada é o que parece, e Frankenheimer mantém a trama no fio da navalha, com De Niro, Jean Reno e cia. se divertindo como nunca. Do lado de cá, acompanhamos a partida! Prime Video
AMOR À FLOR DA PELE
(In the Mood for Love, Wong Kar-Hai, 2000)
Poucos filmes são tão belos, sofisticados, elegantes e arrebatadores quanto esse romance dirigido por Wong Kar-Hai. Com habilidade, o diretor tece uma trama intrincada quando dois vizinhos, interpretados por Tony Leung e Maggie Cheung, desconfiam que seus cônjuges estão tendo um caso.
Em vez de mergulhar em atividades extra maritais semelhantes, os dois desenvolvem uma amizade insuspeita, uma simbiose em que o desejo, explicitamente latente, é saciado com silêncios e com a distância dilacerante de um amor não consumado. Cada elemento cênico conta uma história, comunicando o fogo que a razão não consegue verbalizar. Uma história poderosa, tensa, sexy e emocionante. Um dos melhores filmes da história do cinema. MUBI
REINO DE FOGO
(Reign of Fire, Rob Bowman, 2002)
Na Londres contemporânea um garoto desperta por acidente o último dos dragões. Livre, a fera reduz o mundo a cinzas, marcando uma nova era das grandes feras aladas. Décadas depois, agora adulto (e interpretado por Christian Bale), ele lidera uma célula de sobreviventes.
A chegada de um guerreiro do outro lado do Atlântico (Matthew McConaughey) pode significar a derrota dos dragões ou a extinção definitiva da humanidade. Lançado no começo de 2002, “Reino de Fogo” foi engolido por outros grandes filmes como “Homem-Aranha”, “Sinais” e novos capítulos de “Harry Potter”, “O Senhor dos Anéis” e “Star Wars“. Nunca é tarde, entretanto, para conhecer um pequeno grande filme. Star+
COMO PERDER UM HOMEM EM 10 DIAS
(How to Lose a Guy in 10 Days, Donald Petrie, 2003)
A comédia romântica tem experimentado um renascimento bem-vindo, em especial no streaming. O começo do novo milênio, contudo, mostrou-se uma época emblemática para o gênero. Não há maior evidência do que este “Como Perder Um Homem em 10 Dias”, que acabou de completar 20 (!) anos.
O gatilho da trama é tudo em uma comédia romântica. Nesse caso, começa com uma jornalista (Kate Hudson) que, para escrever matérias mais densas, topa assinar um artigo com o título do filme. Seu “alvo” é um publicitário (Matthew McConaughey) que, por sua vez, precisa fazer com que ela se apaixone também em 10 dias, sob o risco de perder uma conta importante. Tudo dá tão errado que termina muito certo. Bonitinho demais! Paramount+
NEM TUDO É O QUE PARECE
(Layer Cake, Matthew Vaughn, 2004)
Antes de assumir a identidade de James Bond, Daniel Craig provou que tinha o charme cínico para se tornar o novo 007 neste thriller que marcou a estreia de Matthew Vaighn na direção. Craig é um traficante disposto a se aposentar e aproveitar sua fortuna quando recebe uma missão dupla de seu chefe.
A primeira é encontrar a filha viciada de um sócio do chefão. A segunda é supervisionar a compra de um volume imensurável de pílulas de ecstasy. Quanto mais ele busca se livrar das amarrar de seu ofício, mais o sujeito (que nunca é chamado pelo nome) se enrosca na hierarquia do crime. Um filmaço surpreendente que mostrou o quanto Daniel Craig estava pronto para voos maiores. Netflix
NA MIRA DO CHEFE
(In Bruges, Martin McDonagh, 2008)
Com saudades da dupla Colin Farrell e Brendan Gleeson depois de “Os Banshees de Inisherin”? Então não hesite para assistir a este “Na Mira do Chefe”, que os colocou pela primeira vez sob a direção de Martin McDonagh.
Ray (Farrell) é um matador de aluguel com pouca experiência que, depois de um erro fatal durante um assassinato, é mandado para Bruxelas com seu parceiro, Ken (Gleeson) para esperar mais instruções. Seu chefe, Harry (Ralph Fiennes) ordena então a morte de Ray, o que se desenrola em uma comédia de erros que envolve ladrões de turistas, brigas com canadenses, um ator anão e mais tiroteios. Um barato! HBO Max
OPERAÇÃO INVASÃO
(The Raid: Redemption, Gareth Evans, 2011)
Poucos filmes conseguem redefinir todo um gênero. Mas é certo dizer que o cinema de ação não foi o mesmo depois deste eletrizante “Operação Invasão”, filme indonésio dirigido por um britânico tem uma premissa simples.
O policial Rama (o excepcional Iko Uwais) sobrevive a uma emboscada num prédio dominado por um chefe do crime. Sozinho, ele precisa subir os andares, enfrentando um exército de criminosos, para resgatar seus companheiros. O que se segue é um espetáculo em que laços de sangue, traição, reviravoltas e artes marciais dão o tom. Se tiver tempo, dê uma espiada também na continuação. HBO Max
ROGUE ONE
(Rogue One: A Star Wars Story, Gareth Edwards, 2016)
Pela primeira vez, um filme da série “Star Wars” fez juz ao “guerra” do título. “Rogue One”, melhor exemplar do universo criado por George Lucas desde “O Império Contra-Ataca”, estende um fiapo de informação prévia em uma aventura grandiosa.
A trama coloca Jyn Erso (Felicity Jones) à frente de um grupo de espiões da Aliança Rebelde que assumem a missão de roubar os planos de uma arma poderosíssima sendo construída pelo Império. Emocionante como “Star Wars” nunca foi, “Rogue One” mostra que a força desse universo está em sua expansão. Sem trocadilhos. Disney+
ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD
(Once Upon a Time in Hollywood, Quentin Tarantino, 2019)
Existe o mundo como ele é, e existe o mundo sob os olhos de Quentin Tarantino. Aqui ele parte de um dos momentos mais trágicos da história de Hollywood para tecer uma viagem no tempo até os anos 1960, quando Los Angeles fervilhava com seus astros de TV e sua revolução no cinema.
Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) vê sua estrela diminuir após o cancelamento de sua série de TV, e ele busca um recomeço, contando sempre com seu amigo (e dublê) Cliff Booth (Brad Pitt). A trama passeia para frente e para trás na linha do tempo, carimba a paixão de Tarantino para recalibrar a história e traz Margot Robbie cintilante como a estrela Sharon Tate. Netflix
AMOR, SUBLIME AMOR
(West Side Story, Steven Spielberg, 2021)
Eu sempre acho engraçado quando alguém manda um “mas qual foi a última vez que Steven Spielberg fez um grande filme?”. A resposta, na ponta da língua, é este “Amor, Sublime Amor”, que o cineasta lançou em 2021 como um dos filmes mais poderosos daquele ano.
A história é “Romeu e Julieta” na Nova York do final dos anos 1950, quando dois grupos antagônicos disputam a supremacia nas ruas e o amor entre Tony (Ansel Elgort) e Maria (Rachel Zegler) é engolido pelo conflito. Iniciado como musical na Broadway em 1957, adaptado para o cinema por Robert Wise em 1961, “Amor, Sublime Amor” ganha aqui sua versão mais vibrante, colorida e espetacular. Disney+
TOP GUN: MAVERICK
(Top Gun: Maverick, Josepg Kosinski, 2022)
Tom Cruise é o cara. É também um sujeito teimoso, que atravessou a pandemia de Covid com este “Top Gun” na gaveta, esperando o momento certo para mostrar o filme em seu lugar de direito, no cinema.
O público respondeu a altura. A combinação de nostalgia com o absoluto melhor do cinemão resultou em um filmaço irretocável, uma aventura desenhada meticulosamente para emocionar, empolgar e aplaudir de pé. O maior filme de 2022 é também a (re)consagração de Cruise como o último e maior astro do cinema moderno. Quem sai ganhando com sua teimosia em brigar pela experiência do cinema somos nós. Paramount+
Fonte: UOL Cinema
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