Primeiro filme da franquia Rocky Balboa sem o icônico personagem interpretado por Sylvester Stallone, Creed 3 (2023) estreia nos cinemas nesta quinta-feira (2) com uma difícil missão. Com a ausência de seu maior astro, Michael B. Jordan precisa carregar nas costas um legado de sucesso que teve início ainda nos anos 1970.
Jordan estreou na franquia com o elogiadíssimo Creed: Nascido para Lutar (2015), que trouxe de volta Rocky Balboa (Stallone) quase dez anos após sua até então despedida do personagem. Na trama, o veterano assume a mentoria de Adonis Creed (Jordan), filho de Apollo (Carl Weathers), seu antigo rival e melhor amigo.
A chegada de Jordan como o novo protagonista trouxe respiro à franquia e apresentou vários novos fãs a um universo que parecia extinto. Balboa seguia ali como parte importante da narrativa, mas a intenção de Stallone e do diretor/roteirista Ryan Coogler (Pantera Negra) era entregar o bastão (ou as luvas) ao novo astro, assim como outras franquias fizeram nesse boom de revivals e remakes que assola Hollywood nos últimos anos.
Com a ótima estreia do filme, Creed 2 (2018) veio para trabalhar a nostalgia que sempre envolveu os filmes de Rocky Balboa. Tão bom quanto o primeiro, o longa fez um acerto de contas aguardado pelos fãs da franquia desde Rocky 4 (1985) e colocou Adonis para encarar ninguém menos do que o filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren), homem responsável por matar seu pai. E marcou a despedida de Stallone (pelo menos por enquanto) do papel que o tornou um astro do cinema.
Em Creed 3, Adonis assume de vez o protagonismo na ausência de seu mentor. À frente da direção de um longa pela primeira vez, Michael B. Jordan prova que aprendeu com suas experiências e entrega uma continuação à altura de seus antecessores. Uma missão difícil e que é cumprida com esmero, mesmo com alguns tropeços pelo caminho.
Tessa Thompson e Michael B. Jordan
Divulgação/MGM
Na trama, anos se passaram desde que Adonis venceu a sua última disputa e se aposentou dos ringues. Com uma carreira de sucesso consolidada, ele passa os dias se dedicando à família, que tem Bianca (Tessa Thompson) como chefe de uma produtora e Amara (Mila Davis-Kent), sua filha surda com uma paixão secreta pela antiga profissão do pai.
A tranquilidade de sua aposentadoria acaba quando Damian “Dame” Anderson (Jonathan Majors), seu melhor amigo de infância, deixa a prisão após 18 anos. Antes de ser adotado por Mary-Anne (Phylicia Rashad), Adonis vivia pulando de abrigo em abrigo ao lado de Dame, que sonhava em ser boxeador profissional com o seu incrível talento.
Uma briga de rua colocou Dame na prisão e afastou os dois, e Adonis se vê em divida com o antigo amigo. Em busca do sonho que parecia descartado, Dame pede que o filho de Apollo o ajude a virar lutador profissional e tenha uma chance de disputar o grande título mundial.
A adição de Jonathan Majors à franquia é uma ótima recuperação para um longa que sofreria de qualquer jeito sem a presença de Stallone. A dinâmica entre Adonis e Dame seduz e cria interesse no espectador em saber mais sobre o passado desses personagens e ver a evolução na relação, mesmo que o trailer deixe claro como as coisas vão se desenrolar.
Para desenvolver o drama da continuação, Michael B. Jordan mostrou que estudou atentamente todos os filmes protagonizados por Rocky Balboa. Cada aspecto de Creed 3 traz elementos já trabalhados em títulos anteriores, mas em nenhum momento a narrativa soa batida ou sustentada apenas pelos clichês do gênero. Enquanto diretor de primeira viagem, o astro prova que tem talento para conquistar o sucesso também atrás das câmeras.
Jonathan Majors em Creed 3
Divulgação/MGM
Em entrevistas, Jordan revelou que idealizou o drama e as lutas de Creed 3 inspiradas em diversos animes que assistiu ao longo de sua vida –o astro é otaku assumido e fã de títulos como Dragon Ball Z, Naruto e Hajime no Ippo. Suas referências ficam claras não apenas na relação de amigos e rivais entre Adonis e Dame, como também nos combates encenados por seus personagens no ringue. Não é exagero dizer que o longa tem algumas das melhores sequências de “ação” da franquia, com trocas de socos e esquivas que parecem saídas direto dos estúdios japoneses.
Ainda que competente, o filme tropeça na hora de intensificar a rivalidade de seus dois protagonistas para justificar o embate final. A escalada de Dame como “vilão” da vez é feita de maneira acelerada e abrupta, deixando o espectador sem a noção exata do tamanho do antagonismo sustentado pelo personagem. De uma hora para outra, o antigo amigo de Adonis se torna o maior pugilista do mundo e passa a provocar o antigo campeão.
Ao atingir em seu clímax, Creed 3 passa a sensação de ter pulado etapas para chegar logo em seu ato final. Por mais empolgante que seja, a luta entre Adonis e Dame deixa um gosto de “quero mais”, por ser tecnicamente impecável e visualmente divertida. Ponto para Michael B. Jordan, que sai do longa maior e melhor do que nunca.
Fonte: UOL Cinema
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