Diretor de O Sexto Sentido (1998) e Fragmentado (2016), M. Night Shyamalan está de volta ao cinema com seu novo filme, Batem à Porta (2022). Inspirada no livro O Chalé no Fim do Mundo (2019), de Paul Tremblay, a trama tem no centro do mistério um casal homoafetivo formado por dois pais, Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge), e sua filha adotiva Wen (Kristen Cui).
Embora a cobrança por mais diversidade na indústria cinematográfica tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos, colocar um casal homoafetivo com uma filha adotiva como protagonistas de Batem à Porta não foi algo planejado intencionalmente pelo diretor. Na obra original, a família da pequena Wen sempre foi LGBTQIA+, e manter-se fiel ao livro nada tem a ver com uma necessidade de lacração por parte de Shyamalan.
Em entrevista exclusiva à Tangerina, o cineasta indiano revelou que o seu primeiro contato com a história foi com um roteiro coescrito por Steve Desmond e Michael Sherman que adaptava o livro de Tremblay. Mesmo sem ter lido o texto original, Shyamalan se apaixonou pela história e fez algumas alterações para encaixá-la em sua visão –nenhuma delas, claro, envolvia a família central.
De acordo com o diretor, manter a representatividade LGBTQIA+ de Batem à Porta foi algo natural. Muito além de buscar uma fidelidade ao livro, Shyamalan entendeu que ter uma família homoafetiva não altera em nada a essência do filme.
“Sabe, manter a diversidade [no filme] é algo muito mais bonito porque não foi um objetivo. Não foi algo que eu fiz para lacrar ou ensinar o público, nem eu fui ensinado pelo livro. Eu só pensei neles como uma família. É algo que você consegue sentir, enquanto contador de história, que você não pensa nada além disso. Eles são uma família, isso é amor e eles [casal] são os pais. Eu vejo a minha família neles e espero que o público os veja assim também”, explicou.
Jonathan Groff (Eric), Ben Aldridge (Andrew) e Kristen Cui (Wen)
Divulgação/Universal Studios
Equilíbrio de gêneros
Além da importância da representatividade, Batem à Porta também se destaca por ser um filme que trabalha com múltiplos gêneros diferentes do cinema. A trama envolvendo a família protagonista tem momentos de pura comédia, suspense e drama, sempre equilibrados com precisão pelas lentes de M. Night Shyamalan.
À reportagem, o cineasta confessou que foi um grande desafio conseguir equilibrar todos esses gêneros em um thriller. Por mais que a premissa inicial do longa seja voltada para o suspense, Shyamalan explicou que ele não poderia apenas incluir cenas com humor sem entender como elas se encaixariam dentro da narrativa.
“Essa é a parte mais divertida: encontrar uma maneira de encaixar gêneros diferente e encontrar o equilíbrio. É algo muito delicado. É um processo muito complicado e leva muito tempo de tentativas e observação, até que você consiga encaixá-los de forma que o público consiga rir no momento certo, e depois sentir medo ou outras emoções”, detalhou.
“É como tentar equilibrar pratos e os manter girando igualmente ao mesmo tempo. Por exemplo, se você vai muito longe com a comédia, você acaba minando as apostas no suspense. Se você exagera no suspense, vai ‘secar’ os momentos de comédia. Há um ato de equilíbrio em relação a tudo, até mesmo à violência e como manter a violência versus a emoção. Você conhece todos esses sabores muito poderosos que você precisa fazer funcionarem juntos.”
Batem à Porta já está em cartaz no cinema do Brasil. Assista abaixo ao trailer legendado:
Batem à Porta
Trailer oficial legendado
Fonte: UOL Cinema