Um dos casos de assassinatos mais macabros dos Estados Unidos volta a ser assunto em O Estrangulador de Boston (2023). O filme estreia no Star+ nesta sexta-feira (17) e revive uma época de pesadelo para as mulheres da cidade nos anos 1960.
Entre 1962 e 1964, mais de dez mulheres solteiras, entre 19 e 85 anos, foram assassinadas na região de Boston. Todas foram estranguladas e tiveram seus corpos colocados de forma provocante por um agressor misterioso que ficou conhecido como o notório Estrangulador de Boston.
Sem pistas para conectar os crimes, a polícia local bate cabeça enquanto o serial killer empilha corpos. A história começa a tomar um novo rumo quando Loretta McLaughlin (Keira Knightley), repórter do jornal Record-American, passa a investigar os crimes. Apesar de os homens não verem motivos para conectar as mortes a apenas um suspeito, ela começa a enxergar pequenos detalhes que levam a crer se tratar de um mesmo criminoso.
À medida que o assassino segue produzindo cada vez mais vítimas, Loretta passa a enfrentar a resistência dos policiais e o sexismo de parte da sociedade e de seus colegas. O fato de uma repórter mulher avançar no caso e descobrir detalhes que seus pares não conseguiram causa inveja entre os ditos “machões”, e apenas o editor Jack Maclaine (Chris Cooper) continua lhe dando respaldo para continuar a investigação.
Com o apoio da colega Jean Cole (Carrie Coon), a repórter coloca a sua vida em risco e passa por cima da crise de seu casamento para acabar com a onda de mortes na cidade que tira o sono das mulheres. Se o número de vítimas continua crescendo, é por causa do descaso das autoridades e da recusa da polícia de Boston em aceitar sugestões de uma repórter feminina.
Carrie Coon e Keira Knightley
Divulgação/Star+
Dirigido por Matt Ruskin (Conexão Escobar), O Estrangulador de Boston volta a colocar luz em cima de um dos piores casos de negligência policial dos EUA. A história dos crimes foi contada inicialmente em O Homem Que Odiava as Mulheres (1968), longa com Henry Fonda (1905-1982) e Tony Curtis (1925-2010), com foco no principal suspeito das mortes, o serial killer Albert DeSalvo (1931-1973).
Na época, DeSalvo assumiu a autoria de todas as mortes, mas não existiam provas físicas que o ligasse às vítimas. Desta forma, Loretta e Jean trabalhavam com a possibilidade de outros homens se aproveitarem da fama do Estrangulador para cometer seus próprios crimes, algo que foi combatido publicamente pelas autoridades, que temiam uma pressão ainda maior da população e da imprensa.
Embora o tema seja instigante e a força na interpretação de Keira Knightley prenda a atenção do espectador, O Estrangulador de Boston sofre com uma quebra de ritmo que não sustenta a intensidade da trama proposta. A direção de Ruskin nunca permite que as passagens de tempo sejam claras de modo que o público entenda há quanto tempo Loretta e os policiais estão investigando o assassinato da vez. Isso retira o peso de cada descoberta, assim como das reviravoltas sobre o envolvimento de DeSalvo.
Mesmo se tratando de uma história real com desfecho amplamente divulgado na imprensa, O Estrangulador de Boston faz o necessário para cativar e deixar um gosto agridoce na boca de quem lhe assiste. É um filme sobre a jornada de superação de duas mulheres que enfrentaram o machismo em uma sociedade ainda extremamente conservadora e que conseguiram colocar um criminoso atrás das grades, apesar de nem todos os mistérios terem sido resolvidos. Como produção de true crime, o longa é uma aposta que vai agradar a muitos fãs do gênero.
O Estrangulador de Boston
Trailer legendado
Fonte: UOL Cinema
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