Nesta quarta-feira (15), a Netflix lança sua nova série de comédia nacional, Sem Filtro. Protagonizada por Ademara Barros, Mel Maia, Flávia Reis e Orã Figueiredo, a produção sobre influenciadores mira na geração Z, mas acaba remetendo a um humor mais antigo e forçado, que fazia sucesso em programas como o Zorra Total (1999-2015).
Em dez episódios, a série da Netflix conta a história de Marcely (Ademara), a filha mais velha de uma família que decide largar a faculdade para investir na carreira de influenciadora. Porém, ela não consegue fingir ser quem não é nas redes sociais e acaba desagradando algumas pessoas ao seu redor por ser sincera demais.
Moradora de uma cidade pequena, Marcely precisa se virar para fazer carreira na internet e ainda recorre constantemente a seus amigos e familiares para tentar contornar as situações em que se mete por conta de sua espontaneidade. Além disso, ela ainda precisa criar coragem para se declarar para seu amor platônico.
Se antes ser médico, jogador de futebol ou astronauta era o sonho das crianças, agora a pergunta “o que você quer ser quando crescer?” tem outra resposta pronta: influenciador. Por isso, talvez boa parte dos adolescentes enxergue em Marcely um retrato de um sonho distante, mas pouco verossímil ainda assim.
A série usa como recurso um tipo de humor que se segura no superlativo. Das articulações vocais até os gestos, tudo parece um pouco demais, e é aí que Sem Filtro peca para tentar fazer o público a rir a qualquer custo.
Em uma tentativa falha de trazer o público jovem ainda mais para perto, os personagens também ficam constantemente soltando referências a memes e até forçando bordões que, na verdade, afastam mais do que aproximam. Em alguns momentos, o roteiro parece ter sido escrito nos anos 2000, encontrado perdido em uma gaveta e costurado com elementos mais atuais para que ainda pudesse ser lançado em 2023.
Ainda que Sem Filtro demore para engatar e traga um humor um pouco sofrível às vezes, é possível se divertir com as trapalhadas de Marcely e sentir empatia com a união da comunidade de Ararinhas.
O elenco de veteranos também é um deleite para a série. Flávia Reis retrata a mãe de Marcely; Val, a típica moradora de cidade pequena que sonha que as filhas sigam um caminho mais tradicional; Orã Figueiredo é o pai da família, com um jeitão desleixado, mas ainda assim muito carinhoso. E vale o destaque para Sandra de Sá como a icônica dona Vera, que com poucas palavras domina o humor da atração.
Sem Filtro é a série que lembra o típico programa humorístico dominical para toda a família, mas sua tentativa de encantar está longe de ser convincente. Os talentos do elenco infelizmente não conseguem salvar a atração, que acaba entregando um roteiro ligeiramente sem carisma e com buracos difíceis de tapar.
Fonte: UOL Cinema