Ashton Kutcher e Reese Witherspoon contam como gravaram romance quase sem se ver

São Paulo

Debbie (Reese Witherspoon) e Peter (Ashton Kutcher) até já ficaram no passado. Porém, acabaram se tornando melhores amigos, mesmo que à distância —ela virou mãe solteira em Los Angeles, enquanto ele foi atrás de oportunidades de trabalho em Nova York.

Quando ela precisa ir à cidade dele para concluir um curso, ele se oferece para ficar na casa dela cuidando do filho dela, Jack (Wesley Kimmel). E, assim, os dois acabam trocando de casa por uma semana. Ao longo desse período, eles percebem que se complementam bem e que, talvez, sejam exatamente o que o outro está procurando.

Essa, em linhas gerais, é a trama de “Na Sua Casa ou na Minha?”, comédia romântica com cara de anos 1990 que a Netflix lança na sexta-feira (10). A dupla de protagonistas, que não se conhecia antes das filmagens, precisou se esforçar para transparecer química na tela, mesmo aparecendo quase sempre em cidades diferentes.

“Nós só tínhamos nos visto uma vez, em uma festa, e foi esquisito —o Ashton foi esquisito”, relata Reese, aos risos, durante bate-papo com jornalistas, do qual o F5 participou. “É brincadeira, nós dois fomos peculiares na ocasião. Foi então que, faltando um mês para começar a gravar, eu tive um surto: ‘Não conheço esse cara e nós precisamos passar a impressão de sermos melhores amigos há 20 anos’.”

A solução foi começar a estabelecer algum grau de intimidade a partir dali. “Começamos a nos mandar vídeos todos os dias”, diz a atriz. “Conversávamos sobre coisas como ‘quem são seus melhores amigos?’ e ‘por que eles são seus melhores amigos?’. Foi realmente divertido. Depois começamos a mostrar nossos filhos, nossos cachorros… Ele conheceu até o meu pai. Deveríamos fazer uma compilação de todos os nossos vídeos!”, sugere.

Ashton Kutcher diz que mandava e recebia os vídeos da colega várias vezes por dia. “Nós falávamos coisas do tipo ‘como está seu dia?’, ‘o que está fazendo?’, ‘como vão as coisas?’, ‘o que tem feito?’ ou ‘do que tem medo?'”, lembra o ator. “Acabou virando uma coisa bem pessoal.”

Porém, mesmo que a conexão entre a dupla estivesse estabelecida, nem todos os problemas deles estavam resolvidos. “Quando filmamos juntos, ambos improvisávamos muito”, conta ele. “Mas, pela forma como o filme foi realizado, quando estávamos em cidades diferentes, um tinha gravado sua parte antes, então nós contracenávamos com o vídeo da outra pessoa. Então, tinha escolhas que já tinham sido feitas e que ditavam como você deveria reagir.”

Na trama, apesar do trabalho corporativo, Peter tem o sonho de escrever um livro, enquanto Debbie, que trabalha em uma escola, é uma leitora voraz e demonstra grande interesse no mercado literário. Os atores contam que a diretora, roteirista e produtora Aline Brosh McKenna (de “O Diabo Veste Prada”) mandou listas de títulos —com 25 itens para ela e 10 títulos para ele— para se familiarizarem com o universo abordado.

“Eu quase não leio”, brincou Reese, que se diz tão amante dos livros quanto sua personagem. “Mas devo confessar que não li a lista que ela me mandou”, revela. “Eu liguei e disse: ‘Eu tenho três filhos, tenho uma empresa para comandar e trabalho em tempo integral, não vou conseguir ler esses livros’. Mas eles ficaram maravilhosos no cenário (risos).”

Já Ashton, que diz não ser um grande leitor de ficção, contou que se esmerou um bocado e leu sua lista completa na preparação. “Li os dez livros antes de começar a filmar, acabei mergulhando nisso”, orgulha-se. “Todos os livros tinham anotações de o que o Peter teria entendido daqueles livros”, diz.

Seu preferido foi “O Último Sopro de Vida”, obra póstuma do neurocirurgião americano Paul Kalanithi (1977-2015), na qual ele detalha seu tratamento contra um câncer de pulmão. “Acabei me apaixonando de novo por ler ficção”, afirma o ator. “Foi algo muito revigorante.”

O ator conta ainda que, apesar de não ser o primeiro personagem maduro que ele interpreta, Peter tem um perfil muito diferente do seu. “A diretora me pediu um corte de cabelo bem específico, e usava a expressão ‘cabelo de adulto’ para se referir a ele”, conta. “E eu falava: ‘Mas esse é o meu cabelo. É de velho. Eu tenho 45 anos e ele tem a minha idade (risos).”

“No final, eu entendi que o estilo fazia parte da essência do personagem”, comenta. “Era uma justaposição com o mundo mais bagunçado da Debbie. Ele é uma pessoa meticulosa, para quem tudo tem que estar no lugar certo. A caneta é aqui, o headphone tem que ficar nesse outro lugar e assim por diante.”

Por outro lado, Debbie parece ser nem mais desencanada, inclusive com relação a ter outros homens ao longo do filme. “Muitas vezes, a protagonista de comédias românticas é extremamente casta, ao ponto de parecer irreal”, avalia Brosh McKenna. “Então, achei divertido fazer ela ter vários interesses amorosos para poder descartar.”

Experiente como roteirista, mas assinando como diretora de um filme pela primeira vez, ela conta que escolheu essa história para sua estreia porque ficou movida pela história. “Queria fazer uma comédia romântica para as pessoas que já acumularam alguma experiência na vida”, afirma. “A trama é baseada numa história pessoal, então tudo pareceu muito próximo de mim durante todo o processo.”



Fonte: Folha de SP

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