Como ‘Yellowjackets’ salvou as carreiras de Melanie Lynskey e Christina Ricci

São Paulo

“Na primeira temporada, eu queria ler os roteiros assim que chegavam para mim. Isso era um bom sinal, mas não foi até eu começar a receber mensagens sobre a série de pessoas que fazia tempo que não falavam comigo e os internautas começarem a prestar muita atenção em tudo que eu pensei: ‘Eita!’.”

É assim que a atriz Melanie Lynskey, 45, descreve o momento em que percebeu que “Yellowjackets” tinha caído nas graças do público. A primeira temporada da série, que trata de um time de futebol feminino que viaja para um torneio e cujo avião cai em uma região inóspita, se tornou uma das mais comentadas do ano passado —além de ser quase um consenso entre os críticos, tendo amealhado ainda sete indicações ao Emmy.

O segundo ano da série vai se aprofundar nas histórias das personagens, que se passam em dois momentos diferentes: no passado, enquanto estavam fazendo o que precisavam para sobreviver, e no presente, quase 25 anos depois, quando lidam com as consequências disso. No Brasil, o serviço de streaming Paramount+ vai disponibilizar um episódio por semana a partir de sexta-feira (24).

“Acho que na segunda temporada você consegue conhecê-las um pouco melhor”, conta Lynskey em bate-papo com jornalistas, do qual o F5 participou. “Você começa a ter um entendimento mais íntimo de quem elas são como pessoas. Os roteiristas realmente conseguiram aprofundar mais a humanidade delas.”

Na trama, a atriz dá vida a Shauna Shipman, uma das sobreviventes da tragédia. A personagem vem de um passado conturbado: durante o acidente, ela estava grávida do namorado da melhor amiga, Jackie, que acaba morrendo. Nos tempos atuais, precisa lidar ainda com o fato de ter assassinado o amante, que ela acreditava ser responsável por chantagear o grupo, ameaçando revelar segredos do passado.

O papel cheio de camadas tem sido comemorado pela atriz. “Eu tenho feito isso por 30 anos e achei que tinha um prazo de validade, que minha carreira terminaria, e, honestamente, não sou a típica atriz bonitona, então pensei que não conseguiria interpretar protagonistas”, conta. “Fazer uma personagem tão complexa, interessante, que tem sensualidade, emoção e humor, é uma loucura para mim.”

Christina Ricci, que na série interpreta a esquisitona Misty Quigley, concorda com a colega. A eterna Wandinha dos filmes dos anos 1990 sobre a Família Addams também diz que chegou a pensar que não teria mais acesso a papéis tão interessantes. “Acho incrível que as pessoas ainda queiram me ver fazendo algo, é simplesmente maravilhoso”, comemora.

Com altos e baixos na carreira, ela sabe que não é fácil acertar com o que o público vai engajar. “Nem sempre houve uma conexão entre as coisas que eu realmente gosto e o que vira um grande sucesso”, admite.

Até por isso, ela está feliz de poder fazer as duas coisas caminharem juntas no momento. “Sempre foi uma briga interpretar mulheres complicadas e falhas de um jeito que não fosse compungido para não desagradar ao público, e finalmente fazer isso de modo direto e sem medo é uma delícia”, avalia.

Mesmo assim, nem sempre é um trabalho fácil. Com as duas linhas temporais sendo mostradas simultaneamente na série, é complicado procurar no passado da personagem coisas que podem impactá-la até hoje. “Com certeza houve momentos em que eu pensei: ‘Teria sido ótimo saber disso quando estávamos gravando aquela cena na temporada passada'”, brinca.

Ela garante que os criadores não contaram tudo sobre história, mas acha que isso não atrapalha seu trabalho. “Se nós somos as versões adultas e nossas ações representam a história do que elas passaram, não saber esses detalhes poderia significar que não podemos interpretá-las”, analisa. “No caso da Misty, isso funciona porque ela não necessariamente tem a resposta emocional comum para as coisas. Mas seria muito legal saber.”

Lynskey vai na mesma linha. “Queria que tivesse um livro sobre tudo o que aconteceu para poder consultar”, diz. “O interessante na série é poder ver o passado da personagem sendo interpretado na outra linha temporal. Seria incrível se pudéssemos assistir a tudo antes, porque ainda há muitas coisas que não sabemos sobre o que ocorreu.”

“Mas tudo bem porque, quando você está interpretando alguém que ainda está processando, as coisas vão aparecendo aos poucos, já que a memória também funciona assim”, lembra. “Agora, para satisfazer a minha própria curiosidade, eu queria saber de tudo, mas tento não encher muito o saco dos roteiristas (risos).”

O que já se sabe com certeza que aconteceu enquanto as garotas estavam perdidas na natureza selvagem de um inverno rigorosíssimo é a prática do canibalismo. As cenas mostrando como o grupo acabou sendo capaz de consumir carne humana serão mais explícitas no novo ano —atendendo, de certa forma, à curiosidade que o tema gerou no público.

Para Christina Ricci, esse interesse tem razão de ser. “Acho que esse é um dos maiores tabus da humanidade. É uma dessas coisas que você realmente não deve fazer: não tenham bebês com seus parentes e não comam uns aos outros”, diz.

Ela afirma que ver garotas fazendo isso pode ser ainda mais surpreendente. “Devorar a vida é algo muito obscuro e que ninguém espera de uma mulher”, explica. “Acho que é ainda mais horripilante ver mulheres fazendo isso porque nós supostamente somos as encarregadas de criar a vida, somos quem deveria está-la protegendo.”

Fonte: Folha de SP

2 Comments

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