Saída do armário ganha tons menos pastéis na segunda temporada de ‘Heartstopper’

São Paulo

Quantas vezes você saiu do armário? Para quem não faz parte de uma das letrinhas da sigla LGBTQIA+, a dúvida pode parecer estranha. Afinal, se alguém resolveu falar abertamente da própria sexualidade, isso já deveria ficar claro para todo mundo, certo? Errado.

Ao contrário de como isso costuma ser mostrado no audiovisual, na vida real, há muitas saídas do armário. Você pode escolher falar primeiro só para alguns amigos mais próximos, depois para um irmão mais chegado, na sequência para um dos pais que acredita que será mais compreensivo e por aí vai… Não existe uma ordem correta, e cada um traça seu próprio caminho.

É isso que Nick Nelson (Kit Connor) está tentando fazer na segunda temporada de “Heartstopper”, cuja segunda temporada estreia na quinta-feira (3) na Netflix. Após finalmente se abrir com a mãe no final do primeiro ano da série, ele continua relutante em falar do relacionamento que mantém com Charlie (Joe Locke) para os colegas de escola e do time de rugby.

Não que a primeira saída do armário tenha sido traumática —pelo contrário. Sarah Nelson, vivida por Olivia Colman, foi bastante compreensiva e aceitou sem pestanejar a orientação do filho. Mesmo assim, Nick vai passar por alguns momentos de maior ansiedade ao tentar, uma e outra vez, compartilhar com outras pessoas que é bissexual.

Nesse ponto, a série assume tons menos pastéis que na primeira temporada, na qual tudo era “fofo” e essas questões eram abordadas com uma leveza quase irreal. Não que isso fosse exatamente um problema —a série foi saudada pela crítica e se conectou rapidamente com o público da geração Z justamente por mostrar relações homoafetivas sem o peso de outrora.

Porém, como qualquer roteirista aprende no primeiro dia de aula, sem conflito, nenhuma história avança. E, assim, o romance idílico dos protagonistas começa a ganhar novos contornos. Se Nick não quer contar aos amigos que está com Charlie, o que o torna tão diferente de Ben (Sebastian Croft), o ex abusivo que ficava com o rapaz às escondidas, mas fazia bullying com ele na frente dos outros?

Além disso, o casal também ganhará ares de Romeu e Julieta quando os pais de Charlie proibirem o filho de ver o namorado após o desempenho escolar do garoto piorar bastante. E o próprio Nick também precisa se concentrar em ir bem nas provas que pode definir o seu futuro.

Por outro lado, os momentos de descontração estão garantidos numa excursão das turmas das escolas Truham e Higgs a Paris. Apesar de fazerem vários planos de transformar a viagem escolar num passeio romântico, os dois acabam tendo que dormir em camas separadas e nem tudo sai como esperado.

Entre as demais tramas, destaque para a de Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney). Os dois são amigos de infância, antes de ela se descobrir transgênero. Agora, eles tentam descobrir se o amor que sentem um pelo outro é mais do que fraterno.

Já Tara (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell), que sempre formaram um casal aparentemente inabalável, vão começar a perceber algumas diferenças que podem desafiar a relação. Até o calado Isaac (Tobie Donovan) vai ganhar um interesse romântico (e assim uma trama própria).

A nova leva de episódios termina com um baile, cuja organização vai acontecendo ao longo dos episódios e que promete muita emoção. Será que vamos aguentar sem os nossos corações pararem até lá?

Fonte: Folha de SP

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