Obra de arte colorida: Trailer do novo ‘Tartarugas Ninja’ é lindo demais! – 07/03/2023

Foi ano passado que o diretor Pierre Perifel se afastou do hiper realismo para abraçar um visual mais estilizado em sua estreia, a aventura “Os Caras Malvados”. Depois de mais duas décadas do lançamento de “Toy Story”, Pierre atestou o óbvio: a animação digital estava muito chata.

Claro que a régua aqui não são histórias que continuam a encantar, de “Soul” a “Raya e o Último Dragão” a… errr… “Encanto”. Seu argumento era direcionado ao trabalho visual, em que padrões de design se repetiam, como se os mesmos “atores” digitais fossem reutilizados em vários filmes.

“As Tartarugas Ninja: Caos Mutante”, parece ter levado as observações de Perifel ao extremo. O relançamento dos heróis mutantes adolescentes, agora em sua quarta encarnação (já já chegamos lá), parece se despir de toda preocupação com o hiper realismo que conduziu a indústria até então, optando por um estilo – ou uma mistura de estilos – mais moderno e interessante.

O novo filme, produzido por Seth Rogen, adota um estilo que mistura diversas técnicas para traduzir o mundo urbano e descolado das Tartarugas. Tem cara de gibizão animado, colorido e movimentado. É um passo importante para um desenho parecer um desenho, e não uma representação fotográfica da realidade.

A inspiração mais óbvia é “Homem-Aranha no Aranhaverso”, que em 2018 quebrou o molde fofinho das animações americanas, experimentou uma constelação de técnicas e garfou o Oscar da categoria. Os cenários de “Caos Mutante”, que parecem pinceladas grafitadas no papel, podiam estar no mesmo bairro de Miles Morales.

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As pinceladas digitais em Donatello

Imagem: Paramount

Desde “Toy Story”, os artistas digitais se esforçaram para criar mundos mais e mais realistas, mesmo que seus habitantes fossem caricaturas. Para lapidar as técnicas, o design de muitos personagens carecia de imaginação, com boa parte dos protagonistas sendo variantes de Remi, de “Ratatouille”.

Filmes como “Tá Chovendo Hambúrguer“, “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” e o recente “Gato de Botas 2” aos poucos buscaram inspiração em outras escolas, especialmente a animação japonesa, para sair do molde Disney/Pixar. Na Netflix, a antologia “Love Death + Robots” popularizou a mistura e a experimentação. “Homem-Aranha no Aranhaverso” causou uma ruptura definitiva.

“As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” parece dar um salto além. A animação prospera na ilusão da imperfeição. Os movimentos não são 100 por cento perfeitos, mas surgem dinâmicos e empolgantes. O design dos personagens que cercam os heróis cascudos fogem do padrão e habitam uma Nova York de luz, sombras e muita cor. Tudo parece pintado à mão. Tudo parece mais bonito.

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A repórter April O’Neil bate um papo com a rapaziada mutante

Imagem: Paramount

O quarteto formado por Raphael, Michelangelo, Donatello e Leonardo foi criado nos anos 1980 como uma história em quadrinhos mega independente nas mãos de Peter Laird e Kevin Eastman. O sucesso do gibi de guerrilha tornou-se global quando eles licenciaram sua criação como um dos desenhos animados mais festejados da cultura pop.

No cinema, sua primeira encarnação foi como um filme live action dirigido por Steve Barron em 1990. Estranhamente sombrio, “As Tartarugas Ninja” – que gerou duas continuações, em 1991 e 1993 – manteve-se como maior bilheteria do cinema independente até 1999.

Em 2007, “TMNT” foi uma tentativa para relançar a marca no cinema como longa de animação. As versões mais recentes, de 2014 e 2016, tinham produção de Michael Bay e faziam dos “ninjas adolescentes” uns monstrões de músculos trincados interagindo com Megan Fox. O segundo filme até busca um diálogo com a animação dos anos 1980, mas seu entorno era muito grotesco para ser fofo.

Ao menos em uma coisa este “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” acertou de cara: os quatro heróis são dublados por adolescentes, o que já ajuda com a identificação de seu público-alvo, que é a gurizada pré adolescente. Vai saber como a salada ficará no prato. Visualmente, pelo menos, este “Caos Mutante” já é uma pequena obra de arte.



Fonte: UOL Cinema

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